quarta-feira, novembro 23, 2005

Soma!

Banda : SOMA
Formação : 2001
Localidade : Salvador, BA
Disco : Dramorama (EP)

01. Coma
02. Meu Dilema
03. Conversas & Rock 'n' Roll
04. Novo ou Velho
05. Dramorama



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Perplexidade & Rock'n'Roll
Formada no final de 2001, a Soma integra a nova safra de bandas de rock de Salvador: um cenário amplamente diversificado surgido à margem e à revelia da “ditadura axé” ainda presente na capital baiana. A música da banda expressa uma certa perplexidade de seus integrantes – Rafael Cavalcanti (voz, guitarra), Josh (guitarra), Rogério Alvarenga (baixo e voz) e Edu Markez (bateria) – diante do mundo. Mesclam-se, nas letras de Rafael, timidez, hesitação e um quê de melancolia, que chega perto, mas não se confunde com desesperança.
A Soma não se inclina para posicionamentos auto-destrutivos ou niilistas, evitando cair na armadilha que seria a imagem de artistas atormentados full time . Nada também de agressividade panfletária nem de pregações de cunho social. A assunção de desnorteamento existencial presente nas canções é, primordialmente, íntima... individual e, justamente por isso, passível de cativar jovens cientes dos matizes cinzentos do cotidiano. Apesar de o nome “Soma” fazer referência à droga homônima do livro Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), o trabalho da banda demonstra uma clareza de intenções contrária ao embotamento gerado por tal aditivo químico.

A origem literária de seu nome dá a pista para a organização das canções da Soma como pequenas peças de ficção, conduzidas por guitarras em conflito, baixo e bateria agressivos, dinâmicas alternadas entre o suave e o nervoso, além de letras em português que tratam de sonhos, escapismo, solidão e amor. Comparações inevitáveis apontam uma filiação da música da Soma com o estilo pop-rock britânico popularizado na segunda metade dos anos 1990, o chamado brit-pop . A influência é realmente perceptível, especialmente em certos reflexos da atmosfera de um Radiohead ou na execução de guitarras à la Oasis. Contudo, pode-se pensar ainda em outros precedentes bem diferentes, como a boa sacada da Soma em inspirar-se na condução tocante de um Jeff Buckley, por exemplo.

Tais comentários não tiram os méritos próprios da banda Soma , cujo trabalho está voltado para a tradução permanente destas e de novas influências em composição com o aporte artístico pessoal de seus integrantes. Portanto, longe de se estar falando da reprodução de um estilo, afigura-se, no caso, uma sintonia entre jovens artistas geograficamente distantes, mas reagindo ao Zeitgeist , ao espírito de uma época com problemas e questões – inclusive existenciais – cada vez mais globalizados.
Entre 2002 e 2004, o amadurecimento da Soma se deu, como era esperado, através do contato com o público. Os shows se multiplicaram nos mais diversos espaços, fazendo a banda experimentar desde a amplidão de pátios e estacionamentos de faculdade até o clima introspectivo dos teatros e, principalmente, o inevitável burburinho de apertados bares de Salvador. A Soma tocou ainda em cidades do interior da Bahia e mesmo fora do estado, quando participou dos festivais London Burning (Rio de Janeiro) e Goiânia New Underground (Goiânia), ambos em 2002. No mesmo ano, a banda foi eleita Banda Indie Revelação do 2° Indie Destaque , votação promovida pelo selo carioca Midsummer Madness .

Embora seja uma legítima banda independente, a Soma conseguiu – com toda essa movimentação – chamar a atenção da mídia, o que acabou lhe rendendo matérias em TV, jornais, sites de música e revistas especializadas, além de execuções em rádio. Auxiliaram também neste processo dois EPs de gravação caseira: Eu, o Alien (lançado em 2002 pelo selo BigBross Records ) e Soma+Danteinferno , um split , isto é, um trabalho compartilhado com a banda uruguaia Danteinferno (lançado em 2003 pelo selo Music Box ).
A grande novidade da Soma em 2005 é o lançamento de um novo EP, chamado Dramorama . Desta vez, um registro em estúdio com a participação de toda a formação da banda (os primeiros EPs contaram com bases pré-gravadas de baixo e bateria). Produzido e gravado de forma totalmente independente, o disco apresenta cinco canções que formam, ao lado das performances ao vivo, o mais fiel retrato da fase atual da banda.

Sobre as canções de Dramorama :

1. Coma
Um bom exemplo de como uma canção pode se transformar com a intervenção de toda a banda: Coma nasceu super-melancólica e acabou ganhando uma sutil levada reggae (crédito de Duda e Roger) e um marcado contraste entre versos e refrãos. Trata-se da música do EP Dramorama com maior diversidade de elementos: guitarras criando atmosfera, guitarras nervosas, baixo marcado, baixo pesado e um trabalho de bateria variado. Tudo isso para falar de um personagem perdido procurando por uma saída fácil.

2. Meu Dilema
Meu Dilema não era para ser tão rock. A princípio, a melodia vocal seria inspirada livremente no estilo do cantor Andrew Bird. A letra da canção, no entanto, solicitou mais intensidade e o resultado final se tornou inevitável. A estrutura da música foge um pouco à fórmula tradicional “verso-refrão”, mas continua sendo bastante pop . Meu Dilema fala sobre os sentimentos de uma pessoa tímida, embora alguém com essa característica provavelmente não costume gritar – pelo menos, não em público – como se ouve no fim desta canção.

3 . Conversas & Rock'n'Roll
Conversas & Rock'n'Roll é talvez a música de estrutura mais linear do EP e pode-se dizer, portanto, a mais pop . O arranjo procura sublinhar um clima urbano, algo também pretendido pela linha vocal. A letra aborda a impessoalidade cotidiana dos relacionamentos.

4 . Novo ou Velho
Letras diretas (vide o refrão “ ainda não sei o que fazer ”) e arranjo idem nesta que é a canção de pegada mais rock'n'roll de todo o EP. O guitarrista-solo da Soma, Josh, costuma se divertir com o final da música, porque “ ele é todo instrumental, mas não tem absolutamente ninguém solando ”.

5. Dramorama
A canção que dá nome ao EP resume o disco inteiro, mas traz algo mais. A bateria soa como um rock dançante dos anos 1980 e a música culmina em um final mais solto e relaxado: até o ouvinte mais retraído pode ficar estimulado a dar uns saltinhos pra lá e pra cá. O coro final – há controvérsias se foi alcançado um resultado ao estilo de Michael Jackson ou mais próximo de Pink Floyd – é o mais inesperado elemento de todo EP, estando a serviço das palavras de ordem aqui: independência e liberdade.
Texto retirado do site Oficial da Banda.

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Vocal tímido, assim como as letras, também melancólicas, são características do 1° EP lançado pela banda.O som soa bem original, mas Não se surpreenda ao reparar algo que lembre Radiohead ou Gram.
Apenas uma dica : Ouça!

Site da banda com trechos das músicas e links para compra do disco :http://www.bandasoma.com.br/
Tem 2 videos, no formato RM, também.